Escrito por Jullia Joson | Traduzido por Diogo Simões para Archdaily
Vivemos em um mundo onde o vivenciado, o lembrado e o imaginado, assim como os diferentes momentos no espaço e no tempo relativos ao passado, presente e futuro, estão inseparavelmente misturados. Recentemente, estão sendo oferecidos vários meios para acessar outros planos de existência, utilizando tecnologias imersivas como realidade virtual e aumentada (VR e AR), criando um caminho para o metaverso no qual somos transportados para espaços que são capazes de ser mais ‘reais’ do que qualquer coisa que vivenciamos atualmente.
Com o potencial cada vez maior de futuros virtuais entre nós; a criação de comunidades digitais, tecnologias sem fio e um mundo interconectado estão mudando para sempre o ambiente em que habitamos. O metaverso como o conhecemos está constantemente sendo desenvolvido, tendo em mente as necessidades específicas dos conceitos arquitetônicos. O projeto arquitetônico é há muito tempo uma das aplicações dos ambientes virtuais imersivos. Com o conceito de espaço e a razão não necessariamente tendo que atuar como um fator no desenvolvimento da infraestrutura do metaverso, por que os designers ainda buscam fazer esses planos de realidade parecer ‘real’ nesses espaços digitais?
Permita-nos apresentar-lhe o efeito da mera exposição, também conhecido como princípio da familiaridade, um fenômeno psicológico que descreve nossa tendência humana de desenvolver preferências por coisas simplesmente porque estamos familiarizados com elas. Coisas familiares, como tipos de comida, música e atividades, nos fazem sentir confortáveis. De uma perspectiva evolutiva, faz sentido que a familiaridade gere gosto, levando ao conforto. De modo geral, algo com o qual estamos familiarizados parece mais seguro e é menos provável que nos machuque. Não queremos correr o risco do desconhecido.
A ideia do metaverso pode parecer assustadora à primeira vista, e muitos não são estranhos às reações e preocupações mistas que ela levanta. No entanto, uma vez que reconhecemos a verdade sobre a ligação entre familiaridade e prazer, sabendo que são necessárias várias exposições para desenvolver um gosto pelo desconhecido, podemos fazer disso uma estratégia para ignorar a reação negativa inicial em relação a novos estímulos.
Os edifícios nesta cidade ainda se assemelham a edifícios reais e tangíveis que encontramos e experimentamos em nossas vidas cotidianas, empregando forma e estrutura que ainda fazem sentido em razão das restrições do mundo real. Os arquitetos entendem que é primordial que as pessoas entrem em algo que pareça familiar. Com a ascensão do metaverso e a digitalização do ambiente construído, alguns até expressaram preocupação com o papel dos arquitetos tradicionais se continuarmos a progredir nesse caminho, no entanto, quem são aqueles que podem construir e desarraigar estruturas que parecem familiares mesmo em plataformas novas, sem precedentes? Arquitetos.
Talvez devêssemos começar a ver o metaverso e as realidades virtual e aumentada na forma do conteúdo e qualidade espacial que eles possuem. Cada vez mais, eles estão se tornando ambientes imersivos tridimensionais que as pessoas estão começando a habitar espacial e emocionalmente, ambientes digitais que os indivíduos podem considerar como extensões diretas e contínuas de suas vidas offline: um espaço virtual que se integra bem com os sonhos, impulsos e desejos humanos.
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