REVISTA CASA E JARDIM – TEXTO ANDRESSA TRINDADE | FOTOS LILIAN KNOBEL
Texturas e tons em ação
A varanda de 24 m², em Perdizes, São Paulo, foi projetada a seis mãos: pelo paisagista Odilon Claro, da Anni Verdi, e pelas designers de interiores Kátia Llaneli e Viviane Friedemann. O espaço serve a um jovem casal com dois filhos adolescentes, que recebem amigos em casa. Diferentes tipos e tonalidades de madeira estão por todos os lados: no piso, na parede e nos móveis. Mas há também aço galvanizado, cobre, cerâmica esmaltada, pedriscos e fibras bem harmonizados.
1. Madeira de demolição recuperada, da Adorno Madeiras, foi sobreposta à cerâmica, piso original do projeto. Repare que ela não chega até a porta de vidro para disfraçar o desnível entre a soleira e a altura das tábuas. Neste canto, foram usados pedriscos.
2. O painel de madeira de demolição, da Adorno Madeiras, ganhou ripsális ecolumeias. Elas estão plantadas em caixas de aço galvanizado com pintura eletrostática marrom, feitas sob medida pela Anni Verdi. No sofá, almofadas Tamtum.
3. O aparador, com vasos verdes, da Anni Verdi, abriga dois pufes de palha que são usados como mesinhas laterais ou bancos, quando é preciso dar aquela forcinha para todos os convidados se acomodarem.
4. Ao lado do aparador, os três vasos com bálsamo estão em um dos recortes no piso de madeira, acomodados em pedriscos. Esse tipo de suculenta é ideal para varandas, pois precisa de pouca água. No verão, deve ser regado a cada dez dias; já no inverno, quinzenalmente.
5. Abaixo do painel, a fonte da Anni Verdi proporciona aquele barulhinho gostoso de água caindo. A tina de madeira é revestida de fibra de vidro e a bica é de cobre. A água circula por meio de uma pequena bomba de aquário, que fica submersa, e assim está sempre oxigenada.
6. No centro da varanda, a planta mais alta com galhos retorcidos é uma castanheira – que deve ser regada de duas a três vezes por semana. Ela é ladeada por dois vasos com pitangas silvestres. Seu vaso, de aço galvanizado com pintura elestrostática, tem rodízios e uma gaveta coletora de água, bem mais prática que os tradicionais pratinhos. Da Anni Verdi.
7. No lado oposto, foi colocada uma floreiracom três fícus-nigra. Tanto a altura da planta como o volume da folhagem foram pensados para criar uma interferência na visão do prédio vizinho.
8. A mesa de madeira, feita pela Marcenaria Silvestre, tem uma função especial: no centro, abriga uma lareira ecológica que funciona à base de biofluído, um líquido fornecido pela Ecofireplaces, que também dá todas as informações técnicas para a execução do projeto de marcenaria. O sistema pode ser aplicado em vários materiais diferentes, pois não superaquece a estrutura em que está instalado. Garrafas, da La Calle Florida.
Com vários recantos
Os 23 m² localizados no bairro dos Jardins, em São Paulo, foram organizados para surpreender a cada passo. A paisagista Paula Magaldi aproveitou uma das esquinas para aconchegar um deque com duas espécies diferentes, dispostas em vasos. No canto oposto, a intenção é ter um lugar para relaxar com privacidade e aproveitar a vista da região.
9. A paisagista gosta de abusar da simetria para acolher os visitantes. Os bancos foram abraçados com vasos de diversas espécies. As ardísias estão nas pontas e os fícus tressé topiados, ao lado. Essa organização deixa a circulação livre.
10. Os vasos com pata-de-elefante e, ao centro, pândano de várias cabeças, estão dispostos sobre os pedriscos que enchem o deque de madeira. O material não foi usado em toda a varanda por causa de sua grande metragem.
11. A moldura com plantas, da Paula Magaldi Paisagismo, dá o mesmo efeito na parede que uma treliça, com a diferença de que pode ser trocada de lugar com facilidade. Feita de madeira de demolição, tem aplicação de rizomas de orquídeas chuva-de-ouro e ripsális.
12. O tatame, feito de deque de cumaru, recebe o futon e as almofadas para compor o espaço destinado ao descanso. Atrás dele, na esquina da varanda, a floreira canelada forma o L, onde ficam os bambus altos, que garantem a privacidade dos moradores.
A madeira faz a unidade
A sensação é de aconchego na varanda de apenas 2 m² do apartamento da arquiteta Beatriz Quinelato, na Vila Olímpia, em São Paulo. Madeira nos revestimentos, vasos bem posicionados e até um móvel rústico para armazenar acessórios de jardinagem cabem na área.
13. Beatriz revestiu o piso e o guarda-corpo com cruzetas para deixar a área mais quente. No chão, a madeira é apenas encaixada para facilitar a limpeza, o escoamento da água e a remoção das tábuas, em caso de problemas com a impermeabilização.
14. Com pouco espaço para plantas, a arquiteta elegeu a jabuticabeira para ser a principal espécie da área. Entre os motivos para a escolha está a certeira visita de pássaros. Na tina de madeira (ao lado), a pimenta ornamental traz cor. No aparador, bandeja de madeira de demolição com suculentas e cactos, da Anni Verdi.
15. Um nicho com 50 cm de largura e 2,20 m de altura já fazia parte do imóvel e foi aproveitado para acrescentar um jardim vertical. O vão abriga samambaias e aspargosque, mesmo escondidos, recebem claridade suficiente. Para fixá-los, Beatriz instalou uma treliça de ferro e nela pendurou os vasos de plástico em formato de meia-lua – solução para economizar ainda mais espaço. Importante: para dar certo, a espécie plantada deve ter volume para esconder os vasos e a estrutura. A lanterna é da K&D.
Tomada por verde
Se o chão não agrada, às vezes nem é preciso quebrar tudo para mudar. Nesta varanda, por exemplo, a cerâmica foi coberta por pedriscos, ideia que também ajudou a nivelar a área com o chão da sala. A paisagista Aglaê Fernandez, da Naturaleza Paisagismo, criou em 8,40 m² um pequeno jardim para passear e contemplar as espécies, isso no Morumbi, em São Paulo.
16. Como a varanda é comprida, Aglaê criou um caminho para possibilitar o passeio por toda a sua extensão. Com o mesmo objetivo, os vasos estão colocados em zigue-zague, assim não há acúmulos e a área fica liberada.
17. Os vasos em meia-lua, posicionados nas extremidades da porta que liga a varanda à sala, economizam espaço. Com o diâmetro bem menor, estes modelos aceitam muito bem plantas trepadeiras, como a ipomeia.
18. Para orientar a circulação, a paisagista usou bolachas de madeira no chão de pedrisco. Ela lembra que é fundamental optar por materiais resistentes para dar certo. Neste caso, o ipê fino é uma das melhores opções e pode durar até 10 anos na varanda.
19. Revestir o guarda-corpo é sempre uma boa forma de inovar no paisagismo de varandas. Neste caso, o bambu com aparência irregular dá um toque mais informal, descontraído e natural. As peças estão unidas entre si por arames que passam por orifícios, feitos com furadeira.
20. Vasos de terracota costumam durar mais do que os de cerâmica. Quando têm estrutura interna de ferro aramado, melhor ainda, pois se quebrarem podem ser reparados com mais facilidade. Este modelo foi desenhado pela paisagista e executado pelo Atelier Zé Figueiredo e carrega mini-ixoras.
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